Breve história da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV)
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Breve história da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV)
No final do século XIX verificaram-se avanços importantes na Medicina – Microbiologia, Biologia e Bioquímica – que tornaram efetiva a progressiva especialização do saber médico.
Em Portugal, o ensino médico, ministrado pela Faculdade de Medicina de Coimbra e pelas Escolas Médico-Cirúrgicas de Lisboa e Porto, passou, com a Reforma de 1911 e a consequente instalação das faculdades de Medicina de Lisboa e Porto, a incorporar nos seus curricula oficiais cadeiras de áreas específicas da Medicina.
Dessa forma, o que antes, na forma de cursos livres de sifililogia e doenças de pelle, era ministrado de forma voluntária e a título pessoal por docentes da área médica ou cirúrgica, passou a constituir o curriculum oficial do ensino médico.
A influência de figuras tutelares da Medicina da designada “Geração Médica de 1911” foi decisiva para o desenvolvimento de uma Medicina de base científica e para a individualização das especialidades médicas.
Na área da Dermatovenereologia foram relevantes Thomaz de Mello Breyner, Zeferino Falcão, Sá Penella e Luiz de Freitas Viegas.
Deve-se a Alberto Sá Penella a iniciativa, por sugestão de A. Fournier, de formar uma associação de médicos interessados em Dermatologia e Doenças Venéreas.
A Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Sifiligrafia foi concretizada em 14 de novembro de 1942, data da 1ª reunião oficial realizada na antiga sala do Capítulo do Convento de Santo António dos Capuchos (hoje Museu da Dermatologia Portuguesa Dr. Sá Penella).
Teve como Corpos Gerentes o próprio Alberto Sá Penella, Presidente de uma Direção que incluía também Manuel Caeiro Carrasco, Juvenal Esteves, Maciel Chaves e Craveiro Lopes e adotou para o seu logotipo a figura tutelar de Bernardino António Gomes (1768-1823), brilhante cientista, naturalista, químico, farmacologista, higienista e académico, autor do “livro-fundador” da Dermatovenereologia Portuguesa “Ensaio Dermosographico ou Succinta e Systematica Descripção das Doenças Cutâneas Conforme os Princípios e Observações dos Doutores Willan e Bateman, com Indicações dos Respectivos Remédios Aconselhados por estes Célebres Autores e Alguns Outros”.
Ao longo dos anos, sucederam-se direções que pugnando pelos objetivos norteadores fixados nos Estatutos, defenderam a identidade e legitimaram a relevância da Dermatovenereologia em Portugal.
Juntamente com batalhas pela qualidade da prática e do ensino pós-graduado, pela atualização e diferenciação, pela promoção deontológica, pela sociabilidade científica e pela partilha do conhecimento interpares e com a sociedade em geral, a SPDV vem desempenhando papel estruturante e definidora de uma verdadeira identidade e legitimação profissionais.
Foram muitos Colegas envolvidos nas realizações coletivas da nossa SPDV; uns de forma discreta e espontânea e, outros, de forma mais conspícua, assumindo a responsabilidade formal, perante todos, de pertencer aos Corpos Sociais.
Para fins historiográficos destacam-se os nomes dos Presidentes de Direção:
Alberto Sá Penella (1942-51);
Mário Trincão (51-57);
Menéres Sampaio (57-63);
Juvenal Esteves (1963-69);
Poiares Baptista (1969-75 e 82-91);
Norton Brandão (1975-82);
António Picoto (1991-93);
Guerra Rodrigo (1994-98);
Cirne de Castro (1998-2002);
Menezes Brandão (2002-06);
Marques Gomes (2006-2010);
Américo Figueiredo (2010-14);
António Massa (2015-18 e 2021-22),
Miguel Correia (2019-20),
Paulo Filipe (2023 …).
A SPDV constitui-se, nestes tempos de incerteza e de dúvida, como um repositório de saber e conhecimento, uma referência e baluarte último de uma vontade coletiva que defendendo a Dermatovenereologia e os seus membros, pugna sobretudo pela defesa intransigente do doente dermatovenereológico.
Assim saibamos honrar a memória dos gigantes que nos precederam e nos motivaram.
“Se cheguei até aqui foi porque me apoiei no ombro de gigantes” (Bernardo de Chartres, séc. XII)